AERJ ASSOCIAÇÃO
ChegadadaVibra como sócia acelera expansão da Comerc

André Dorf,presidenteda holding: "Não évenda da empresa. Ninguém estámonetizando nada agora.um casamento delongo prazo [com a Vibra]•,afirmou - Foto:SiMa ZamboniNalor
A chegada da Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, como sócia e futura co controladora da Comerc Participações acelera o crescimento da holding de energia, cuja ambição é se consolidar, em pouco tempo, entre os principais "players'' de geração centralizada e maior em geração distribuída no país. Em entrevista ao Valor no fim de semana, o fundador e presidente do conselho de administração da Comerc, Cristopher Vlavianos, e o presidente André Dorf contaram que tanto preço quanto sinergias levaram à decisão de desistir da oferta de ações, na reta final do processo, e aceitar a proposta de aquisição de 50% feita pela distribuidora de combustíveis. Costurado em algumas poucas horas da última sexta-feira, o negócio que implica avaliação da Comerc em R$ 6,5 bilhões surpreendeu participantes do mercado e as instituições financeiras que coordenavam sua oferta pública inicial de ações (IPO). "A operação junta dois universos totalmente complementares. A Vibra é uma empresa que gera caixa, combase de clientes importante e que já está no caminho da transição energética", disse Vlavianos. Enquanto para a Comerc o aporte inicial de R$ 2 bilhões vai viabilizar a execução de um ambicioso plano de negócios e dá acesso à carteira de clientes corporativa da Vibra,a distribuidora de combustíveis acelera seus planos de transição energética com a operação. "O crescimento, a partir de agora, será exponencial", reiterou o empresário. A proposta da Vibra chegou à Comerc na manhã de sexta-feira, horas antes do fechamento da oferta de ações, e chamou atenção pelo valor - no IPO, diante da piora das condições de mercado, o grupo seria sub avaliado - e pelo alinhamento de expectativas e visão de futuro, disse Dorf."Não é venda da empresa. Ninguém está monetizando nada agora. É um casamento de longo prazo", comentou. Conforme o presidente, o grupo vinha conversando com empresas de óleo e gás e outras companhias de energia com vistas a uma potencial transação, mas nenhuma tratativa estava em fase avançada. O foco, ressaltou, estava no IPO. Com a oferta de ações 100%primária, que começou a ser estruturada em abril, a Comerc buscava levantar R$ 2 bilhões para financiar seu plano de negócios até o início de 2024. Oito fundos - Atmos, Núcleo, Verde, Brasil Capital, ltaú Asset, Truxt, Neo e Vinci - já haviam se comprometido a ancorar a oferta, assegurando a colocação de R$
1,223 bilhão em ações de uma oferta base de R$ 1,4 bilhão, mais lotes adicional e suplementar. Nos últimos dias, com o mercado mais adverso, ficou claro que a operação só sairia no piso da faixa indicativa de preço (R$ 16,87) e o grupo levantaria menos do que buscava, em torno de R$ 1,5 bilhão. Logo, seria preciso complementar com dívida o caixa para fazer frente ao plano de negócios.
Nessas condições, a avaliação da Comerc estava em R$ 5,6 bilhões, abaixo dos cerca de R$ 6,5 bilhões implícitos na proposta da Vibra, que compreende a aquisição de 30% das ações ordinárias da holding por R$ 2 bilhões, mediante debêntures conversíveis, e mais R$ 1,25 bilhão da opção de compra de outros 20%. As debêntures serão convertidas em ações até fevereiro, quando a opção de compra tem de ser exercida.
Até lá, Comerc, Perfin - que já era sócia da holding de energia - e Vibra vão definir um novo acordo de acionistas e a composição do conselho de administração do grupo. De acordo com Dorf, as linhas mestras do acordo já estão estabelecidas.
Não há penalidade decorrente da desistência do IPO, mas a Comerc discutirá com os bancos que participavam da oferta uma forma de remuneração pelo trabalho realizado. ltaú BBA, Credit Suisse, BTG Pactuai, Citi e XP coordenavam a oferta.
Maior gestora do mercado livre de energia, a Comerc alcança volume comercializado de cerca de 2 giga watts(GW) médios, com mais de 3,4 mil unidades consumidoras e faturamento de aproximadamente R$ 4 bilhões em 2020. O acordo foi antecipado pelo Pipeline, site de negócios do Valor, e confirmado pela Vibra em fato relevante na noite de sexta-feira.
Com Informações Valor Econômico